"Palavreado Poconeano"




(Vídeo: PALAVREADO POCONEANO - Poesia do Dia - Ângela B. Moura Silva Campos)



PALAVREADO POCONEANO

O bom poconeano, poconeano de fato
Tem uma ginga no andar,
Enche a boca de ar quando fala,
E até os seus olhos, como arregala,
Com seu palavreado nato.
Se não gosta de alguém,
Desconfiado, vai logo dizendo:


- "O quê que ocê tá assuntano? Aí esse! Nunca viu?
Não me amola, nem buli cumigo, chá cara de pavil!
Nunca ví troço mais feio. Vote!!!
Parece inté junta do meio..."


Mas, se ao contrário, tem por alguém muito apreço,
Aí sim, ele exagera, desde o começo:


-"Chá, por DEUS!!! Que belezura,
Fulana é boa sem quantia,
Careçe inté fitinha, pra mode quebrante,
Tenho inté pejo, de oiá todo dia,
Êrrecorno!!!
E entonçe, dispio um xiririco, malemá.
Meio de banda, do oitão lá de casa,
Prá num dá pano pra manga,
Fuá com meu nome, muito menos futchico".


Em caso de doença, é gentil e cuidadoso,
com o jovem e o idoso:


-"Fulano... Sai da chuvisquera,
Ocê vai pegar difruço,
Entra pra dentro e cerra a porta,
Muda de roupa, que já já, te rebuço,
De tanto ficá intanguido, cha aí, como que tá!
Desacorçoado e pilado...!
Duvidá, inté vai ficá com arca caida, e peito cerrado,
Perta! Chispa logo daí siscriança!
Ocês num injuam de ficá impanado..."


Quem não entende esse palavreado, acha graça ou fica atordoado,
Porém deixa gravado na memória,
O poconeano é unico, na sua maneira de ser e de falar,
Sem saber, humilde, constrói a sua história,
A mais verdadeira, simples, e popular.

ÂNGELA BEATRIZ MOURA SILVA CAMPOS


CRÉDITOS DO VIDEO

Poema: Palavreado Poconeano.
Autoria e interpretação: Ângela Beatriz Moura Silva Campos
Imagens: Natalino do Nascimento
Direção, produção e edição: Thyago Mourão

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